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CONTRA CULTURA NO DESERTO

Foto do escritor: Ana Luiza de LimaAna Luiza de Lima

Atualizado: 26 de abr. de 2020

Anualmente uma cidade temporária onde tudo é permitido toma forma em Black Rock City


A vivência no mundo moderno exige cada vez mais do ser humano.  Um misto de contos de naufrágios, aventureiros e um mundo quase que pós-apocalíptico foi a resposta que Larry Harvey e Jerry James, fundadores do Burning Man encontraram para fugir, mesmo que temporariamente, do consumismo.

Nascido em junho de 1986, o Burning Man é um festival de artes públicas realizada todo mês de agosto no deserto de Black Rock City, em Nevada. O evento, que na sua última edição reuniu mais de 70.000 pessoas, consiste em uma cruzada no deserto desprovido de água, alimentos ou eletricidade.

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Black Rock City 

Uma cidade inteira é formada pelo público: uma mistura de artistas, mochileiros, turistas estrangeiros, inventores e amantes da tecnologia se reúnem com um único objetivo. As esculturas, que são produzidas também pelo público trazem consigo um questionamento sobre a transformação das criações em commodities. As esculturas feitas durante o festival são queimadas ao fim do mesmo, obedecendo à política do festival, a qual prega o desapego.

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Escultura “Embrace” da edição de 2014 

O conceito de arte efêmera é levado bem a sério no Burning Man. O desapego de tudo que é material, de se deixar livre para continuar criando, sem ficar preso pelo que já passou. Obras de arte com proporções gigantescas que foram planejadas e construídas no decorrer de um ano inteiro são queimadas no final.

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A primeira edição do festival aconteceu no solstício de verão de 86, onde alguns amigos queimaram uma escultura de madeira de um homem com quase 3 metros de altura, que simbolizou uma “auto-expressão radical”, desde então o tamanho das esculturas vem só aumentando e o número de pessoas também.

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A ECONOMIA

Uma das características exclusivas do Burning Man, em comparação a outros grandes festivais, é a sua economia. Nada se encontra à venda, com a exceção de gelo e café. Tudo o resto é dado livremente como presente. Andando pela cidade você pode receber uma gama de presentes que variam de uma massagem no pescoço até uma aula de ioga. O que parece uma receita para o caos traz um resultado surpreendente. Diferentemente da maioria dos festivais, não há espectadores: todo mundo fica envolvido, seja por levar a arte, a execução de um bar gratuito ou cozinhar para seus companheiros de acampamento. Há uma falta total de comercialização – todos os logotipos em carros, por exemplo, devem ser cobertos, e você não pode comprar nada lá: os hóspedes têm de trazer todos os suprimentos de que necessitam para durar a semana, e, como resultado, muitas pessoas se reúnem juntos em campos temáticos por eles elaborados.

WEWE

A subtração do dinheiro das interações sociais é um dos principais contribuintes para o espírito de generosidade que permeia a atmosfera.  Uma vez que nada está a venda no Burning Man, as interações humanas ocorrem em mercados sociais, onde a partilha e carinho regram o dia.

A REGRA DE OURO 

A cultura da generosidade que define Burning Man não vem do nada, como alguns imaginam. Os participantes são convidados a seguir os Dez Princípios, um código de conduta que inclui gifting, esforço comunal e responsabilidade cívica. Essas diretrizes são publicadas no programa do festival e reiteradas em anúncios de serviço público, como os feitos pela rádio do festival. Em Black Rock City, o fluxo constante do dom de dar não só garantiu que os outros cooperem entre si, mas também motiva a passar esses favores para frente, o que é conhecido como reciprocidade generalizada. A estrutura social do Burning Man, onde todos devem trabalhar juntos para se manterem no deserto, ainda conta com uma máxima: o ‘leave no trace’ – ou em bom português ‘não deixar nenhum rastro’.

Publicado em Anual Design

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