Num movimento incessante que se baseia em encontrar justificativas para as coisas, eu me encontro sempre me colocando de frente comigo mesma na necessidade de confrontar determinados fatos: fatos esses que aparentemente são dependentes apenas das circunstâncias externas e pouco tem relação com a minha atitude.
Afinal, como eu posso assumir aculpa pela minha condição? É mesmo um absurdo.
Quando estabelecemos metas ou objetivos, seja no começo ou fim do ano, eles vêm acompanhados de uma segunda lista, lista essa que cobre todas as possibilidades pelas quais a primeira não foi perseguida: variando de falta de tempo à uma transferência irremediável da responsabilidade para o outro.
A terceirização em termos corporativos é uma saída fácil para resolver uma situação que você não possui as habilidades ou a disponibilidade necessária para fazer você mesmo, já em níveis pessoais significa atribuir a outras pessoas a possibilidade de sucesso ou não de qualquer coisa que você se proponha a fazer.
Colocar nas mãos alheias variáveis tão definitivas da sua vida revela uma insegurança, mas se você não confia na sua própria capacidade de realização o que estamos esperando para nos fazer capazes? A construção da confiança não ocorre por vontade própria, é uma consequência, o que demanda que nós tenhamos a consciência que precisamos antes ser capazes para depois fazer, afinal, de nada adianta almejar coisas mirabolantes para as quais não nos preparamos constantemente para alcança-las.
Um exemplo que posso trazer é o meu: não me tornarei uma executiva de sucesso se continuar a escrever textos, porque uma ação depende de uma série de outras e não é o fato de um componente externo não me promover uma oportunidade, mas sim da minha falta de competência para realizar o que quer que seja necessário para chegar a situação proposta: ou seja, mesmo que essa oportunidade fosse real eu não estaria preparada para enfrenta-la.
Nós temos recursos limitados ao nosso alcance, mas a possibilidade de multiplicar recursos é real, a oportunidade não se constrói ao acaso, e sim através de uma multiplicidade de variáveis, e o desenvolvimento pessoal possui grande responsabilidade na concretização de qualquer possibilidade, pois nos dá escopo para enfim assumir as responsabilidades previamente existentes: a verdade é que é muito mais complicado avaliar os recursos que temos na mão e os passos que eles nos possibilitam, dessa forma é também mais fácil ver as circunstâncias externas como fatores limitantes.
A realidade exige duas coisas: que sejamos sonhadores, o que implica ver muito além de nossa materialidade, mas que também tenhamos uma visão concreta, e isso implica em ser realista com relação à nossa posição atual, estar em contato com o que está ao nosso alcance é o que permite alcançarmos o que não está.
Construir um senso de oportunidade está então diretamente ligado a entender a necessidade de assumir as próprias responsabilidades mas não se engane, isso nada tem a ver com acreditar que o universo irá nos agraciar com qualquer que seja seu objetivo, afinal, o universo – e nem ninguém – nos deve nada, mas acreditar na possibilidade de tornar as coisas tangíveis é o que nos permite traçar caminhos realistas, evitando limites impostos pela especulação do que o outro pode fazer por mim.
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