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A exposição, que começou a ser planejada em Janeiro de 2015, partiu de um projeto inicialmente proposto por Jochen Volz com o título de ‘Medidas da Incerteza’, com o intuito de compreender o cenário incerto que vivemos e como quantificar essa instabilidade, bem como compreender como a arte contemporânea viabiliza a compreensão e existência das mesmas.
A versão final da Bienal foi um projeto de curadoria associada, contanto com seu propostior, Jochen Volz e os cocuradores Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México). A exposição aconteceu de 7 de setembro a 11 de dezembro de 2016 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, contou com um catálogo composto por 81 artistas e coletivos.
A proposição inicial relativa à medida de incertezas foi o ponto de partida para a compreensão do que seria a mostra final, ao atentarem-se à necessidade da impossibilidade da quantificação dos movimentos de adaptação e mudança constante afastou-se o conceito de medidas e adentrou-se na ideia de movimento, ou vida, o título Incerteza Viva faz alusão direta ao ritmo em que vivemos.
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“Chão” de José Bento
Aqui é possível resgatar a relação que Bauman constrói ao chamar os tempos modernos de líquidos, já que não existe mais uma estabilidade nas construções contemporâneas, sugerindo que essas possuem tamanha volatilidade que se comparam ao líquido, um material totalmente sem forma, mas que se adapta às formas sob as quais é submetido com imensa facilidade.
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“Dois pesos, duas medidas” de Lais Myrrah
A constante transformação sob a qual vivemos trouxe uma exposição que se apoiou em quatro alicerces para se formar, sendo esses a cosmologia, narrativa, ecologia e educação. É importante ver aqui que ao considerar esses pilares são totalmente relacionados à formação pessoal, considerando aqui diferentes pontos de vista no tocante do entendimento do mundo a proposta da Bienal constrói uma trama que conecta os diferentes pontos de vista existentes sobre o mundo.
Para essa construção visual holística o grupo de curadores embarcou em uma série de viagens para lugares como a floresta Amazônica, Chile, Peru, interior do Brasil… na busca de compreender as narrativas que existem paralelamente no mundo.
O entendimento de que a existência compreende simultaneamente conceitos que se complementam e também se contradizem, como por exemplo o tão aclamado desenvolvimento tecnocrático e paralelamente a eminente extinção de povos indígenas e suas crenças, foi a base para a construção dessa exposição, que não possuía o intuito de ilustrar pensamentos, mas convidar os expectadores a refletir sobre a diversidade do conhecimento e a interrogar sobre aquilo que se diz ‘sabido’, compreender a nossa existência nesse sistema-vida regido pela incerteza é fundamental aqui, e é através da conversa construída entre os curadores e artistas que partimos para esses questionamentos, a arte então é nada mais que um artifício de viabilização para essa discussão.
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Las universidades desconocidas – Felipe Mujica
“Exigimos que a arte se torne uma força transformadora da vida. Procuramos abolir a separação entre poesia e comunicação de massas, retomar o poder da mídia dos comerciantes e devolvê-lo aos poetas e sábios”. Franco Berardi (1949-) “Manifest of Post-Futurism”
A Incerteza Viva surgiu então como uma necessidade eminente de rebater a cultura da necessidade da verdade instaurada na sociedade cartesiana, aceitando que o abstrato e a incerteza implicam a existência de uma relatividade que na maioria das vezes é deixada de lado. A exposição surge então para interrogar as grandes afirmações e trazer à tona a permeabilidade dos conceitos na sociedade contemporânea, quebrando as barreiras estruturadas em todas as áreas do conhecimento e escancarando o fato de que nada é certo mas isso não torna tudo errado, conceitos são assim empregados para servir um ponto de vista, a nossa função deve ser questioná-los.
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