Refletir sobre a atualidade requer um certo distanciamento e parece revelar uma certa arrogância, veja bem, não se olha com bons olhos aqueles que têm uma visão que parte de um distanciamento.
O conhecimento sempre foi assim, uma unidade de medida sem métrica, usada frequentemente para comparações sem precedentes que supostamente diriam quem é melhor que quem.
Como animais competitivos que somos nos deixamos por vezes ser dominados pelo instinto: ganhar e perder passam a ser os polos definitivos de todas as ações que tomamos e nos esquecemos que temos ao nosso dispor uma dádiva que nos mostra, racionalmente, que essa conta simplesmente não faz sentido.
Como bem colocou Cortella, em A Sorte Segue a Coragem, “toda comunidade tem um estoque de conhecimento que esta diluído entre as pessoas”, nós não temos todas as respostas, e devemos aprender a recorrer ao outro para nos construir, melhorar nossas capacidades e entendimentos, pois nossa vivência é ínfima próxima às possibilidades do universo.
Aprender através do outro é bem o que colocava Paulo Freire em A pedagogia do oprimido, quando diz que os homens devem se educar entre si, é apenas uma constatação de que a construção de ideias que partem de inúmeros pontos de vista, a importância de ver as verdades dos outros para construímos a nossa própria.
Esse discurso embora belo, não defende a validação de tudo que se propõe, veja bem, olhar pelos olhos do outro não quer dizer concordar com ele, mas não quer dizer também que existe uma única verdade.
Os três pilares atuam então em consonância, conhecer não implica em saber aplicar, ser sábio não implica em ser uma biblioteca e ser inteligente não é apenas questão de saber ler relações, sejam numéricas ou humanas. O que você sabe ou acredita saber não tem valor para ninguém além de você mesmo, seu julgamento só pertence a você.
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