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Vanguardas: Cubismo II

Foto do escritor: Ana Luiza de LimaAna Luiza de Lima

Atualizado: 26 de abr. de 2020

Retomando os diálogos visuais produzidos por Picasso e Braque no começo do século XX, dentro do movimento Cubista, pode-se notar que suas produções resgatam um caráter de representação da realidade que deixa de lado aquela atmosfera fantasiosa que a pintura europeia trazia consigo, removendo a necessidade da perfeição da forma nas retratações até então feitas.


Ao abandonarem a aproximação subjetiva à ideia de realidade antes utilizada, vê-se a diminuição do uso de contrastes, um esfriamento da paleta cromática a fim de atingir algo mais próximo do real. Os artistas irão se valer de gêneros tradicionais da pintura (nu, natureza morte, paisagem…) para marcar a importância da utilização de uma nova linguagem, que exige que os objetos sejam representados de diferentes pontos de vista, trazendo uma representação fragmentada e que ocorre várias vezes ao mesmo tempo, já que essa representação é simultânea, há aqui uma relativização do espaço e do tempo ­– aqui vale ressaltar que Einstein havia publicado recentemente a teoria da relatividade, que embora tenha causado um grande espanto inicialmente, chamou grande atenção para o funcionamento da percepção humana, que é um assunto tratado diretamente pelos cubistas.

Há então o desenvolvimento de uma pintura que acompanha de perto as transformações do pensamento naquela época, e que é também uma crítica direta à subjetividade contida no fauvismo francês. A proposição aqui é questionar a necessidade da modificação da pintura e das formas de representação que precisam acompanhar a rapidez e a modernidade que se apresenta.

Alguns artistas irão utilizar este argumento para questionar também a necessidade de tratar temas que sejam condizentes ao ‘tempo moderno’. Nomes como Léger e Dalauney se destacam nessa subclassificação do Cubismo que fica conhecida como Orfismo – nome que se origina da abstração da música de Orfeu, o poeta e representante do poder irracional da arte, na mitologia grega. O termo foi cunhado por Guillaume Apollinaire,para designar um grupo de artistas quetendiam cada vez mais à abstração, contrariamente ao trabalhado por Braque e Picasso, no Orfismo há um resgate do lirismo e espiritualidade da pintura (que ocorre através das cores) o que faz com que este se contraponha diretamente ao Cubismo Analítico.

“Só a cor é simultaneamente cor e motivo.” – Delaunay

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Project for a mural, 1952, Fernand Léger


Um movimento que se preocupava mais com a expressão e a significância da sensação, o Orfismo tem em seu início pinturas com estruturas que podiam ser reconhecidos, porém durante seu desenvolvimento essas formas foram extintas dando espaço à estruturas totalmente abstratas. O cubismo órfico dispensava a necessidade de apresentar matérias que poderiam ser reconhecidas e buscava se apoiar no uso de formas e cores cruas.

A produção cubista quebra toda tradição europeia que que buscava colocar a produção da pintura como uma convenção, abandonando o claro-escuro, a assinatura da ora, a forma da pintura, a utilização da moldura, entre outros.

Ver aqui como a velocidade passa a influenciar nossa visão de mundo nos leva a entender como nessa época há o surgimento da discussão da fenomenologia.

É interessante observar também como o título das pinturas cubistas tem grande importância, ao passo que ele altera a relação de temporalidade do observador além de ensina-lo o caminho a ser tomado para a compreensão do quadro. A representação possui um tempo inserido nela e este “segundo tempo” também interfere na leitura do observador que reconstitui a imagem fragmentada na tela.



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