No fim e começo do século XIX as movimentações artísticas na Europa estavam a mil, com o desenvolvimento do que chamamos aqui de pós-impressionismo e, concomitantemente, o crescimento do Art Nouveau, que se destaca como um grande movimento mercadológico que transfere uma estética extremamente feminina ao universo do desejo, transformando em uma necessidade de consumo, temos um momento histórico de necessidade de questionamento da representação formal.
Nesse contexto é que nasce o Fauvismo, do qual Van Gogh e Gauguin foram precursores. O movimento que teve início em torno de 1904 foi nomeado a partir do grupo de pintura chamado Les Fauves (que em francês significa feras selvagens) que contemplava trabalhos com pinceladas mais brutas e com soluções cromáticas saturadas, enquanto o assunto era sujeito à simplificação de sua forma e já apresentava sinais do que será chamado abstracionismo.
Alguns nomes juntamente com os pós-impressionistas se destacam na história do Fauve, Seraut e Signac, bem como Henry Matisse farão parte do complexo de artistas que reconhecemos hoje como participantes do movimento.
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Em Luxo, calma e volúpia (1904) de Matisse, vemos como se dá o processo de transição se dá em partes, através de um título que remete ao Simbolismo, o uso da técnica pontilhista e uma coleção de referências históricas (dentre elas o Le dejeuner suer l’herbe de Manet, The Scream de Munch, Gauguin, …) e ao mesmo tempo o uso deliberado de diferentes gêneros da pintura (banhistas paisagem, marinha,…).
Matisse trata a arte como um meio de afirmação da autonomia da cor ao passo que essa é uma realidade diferente que não é uma representação da aparência do real, mas sim uma equivalência à sensação visual da realidade, como é o que ocorre em Telhados em Collioure (1905).
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A forma que eles pintavam refletiam os temas trabalhados nos gêneros tradicionais através de uma nova linguagem que leva adiante uma pesquisa sobre a própria pintura na França durante a busca pela modernidade.
O processo de libertação da cor tem início no Neo-impressionismo se estende então pelo Pontilhismo até o Fauve, que revela à visão o movimento da pincelada, ou o que seria brutalmente “traduzido” como o trabalho, ela afasta a ideia de que a pintura é apenas uma obra de produção intelectual, como ocorre no século XIX até o momento do Impressionismo, e isso é o que revela o aspecto “animalesco” do fauve. O segundo ponto é a ruptura da cor com a representação da realidade, como Matisse coloca, a pintura não é mais uma representação, é uma realidade nela mesma.
A composição cromática do fauvismo é um marco na ruptura radical na análise da arte no início do século XX. Existe aqui uma valorização do primitivismo, que não exige mais um exímio uso da cor e das formas.
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